BRAVIO - Associação Brasiliense de Violão

Notícias sobre o violão de concerto em Brasília

Abrindo a programação 2008 em alto-estilo


Palestra Alexandre Moschella

A palestra proferida pelo Professor, Violonista e Jornalista, Alexandre Moschella em 01de março de 2008 na BRAVIO, no Teatro SESC 504, veio derrubar a máxima popular de “o novo toma do velho, o lugar”. Sim, porque o conceito apresentado pelo Prof. Alexandre é uma adaptação da experiência de Dionísio Aguado no século XIX, que se utilizava de um tripodium para apoiar o seu violão.

Moschella, que estudou 6 anos com o violonista inglês Paul Galbraith, trouxe para o Brasil a postura de execução do violão semelhante ao uso do violoncelo, ou seja, com o instrumento colocado na posição vertical e com a utilização de um espigão fixo a um cavalete em bronze. Não se trata simplesmente da mudança de posição de se tocar o violão. A proposta de Alexandre Moschella, Paul Galbraith e Dionísio Aguado é dotar o instrumentista de liberdade de movimento para garantir maior conforto e, sobretudo, maior variedade tímbrica e dinâmica sonora na execução do violão, lembrando inclusive a forma de ataque das cordas de uma harpa.

Sem nenhuma cerimônia, Moschella demonstrou, sentando-se ao chão, a semelhança da postura de “lótus” para execução do violão. Uma etapa anterior ao uso do violão com espigão. Esta postura foi transportada para uma cadeira com apoio do espigão. O Professor Moschella ressaltou que a técnica violonística fica preservada, ou seja, um violonista convencional deveria apenas mudar o posicionamento do instrumento.

O conjunto de equipamentos utilizado pelo palestrante é composto de uma cadeira regulada exclusivamente para ele, um violão com cavalete adaptado para acoplar o espigão e uma caixa de ressonância extra de contato com o espigão, idealizada por Sergio Abreu - Violonista e Luthier brasileiro. A caixa de ressonância tem a função de capturar as vibrações sonoras transmitidas pelo espigão e propagá-las no ambiente dando maior ganho de volume para instrumento.

É bem verdade que é pouco provável que a “nova” postura para o violão não substituirá a forma convencional com que muitos executam o instrumento, porém, podemos tirar como lição a valorização da interpretação e liberdade de movimentos da mão direita na execução do violão.

O Professor Moschella demonstrou extremo profissionalismo e desprendimento em compartilhar com o público, amantes do violão, as suas experiências e talento na “nova-velha” forma de extrair o máximo da potencialidade das queridas seis cordas.


Brasília, 28 de março de 2008
Josivan Antonio de Souza
Aluno do Professor Maurízio Martins



Alexandre Moschella nos brindou neste XX Encontro da BRAVIO com um excelente recital a que intitulou: “Grande Sertão: Variações – O violão erudito do século XX em diálogo com a poética de Guimarães Rosa”. Um recital diferente, tanto na forma quanto no conteúdo da apresentação. Moschella adota uma inovadora postura na qual o instrumento apóia-se num espigão, à maneira do violoncelo. Primeiro violonista brasileiro a adotar esta postura, impressiona logo à primeira vista passando, de início, uma sensação de desequilíbrio entre instrumento e instrumentista aos olhares habituados a posturas convencionais dos violonistas. Tal sensação vai se desfazendo ao longo da apresentação, percebendo-se no seu transcurso leveza e liberdade de movimentos, numa demonstração de elevado aprimoramento técnico e virtuosismo, haja vista o repertório escolhido, composto por peças de Heitor Villa-Lobos (Valsa-Choro e 5 Prelúdios), Marlos Nobre (Momentos I), Leo Brouwer (La Espiral Eterna e Elogio de La Danza), Guerra-Peixe (Prelúdios 4 e 5), compositores contemporâneos do escritor Guimarães Rosa, centro de sua proposta neste recital

O violonista inova igualmente, em grande performance, ao recitar com exemplar eloqüência trechos selecionados do romance “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, antes da apresentação de cada peça. Em sua proposta inovadora, música e narrativa se entrelaçam em um universo de sonoridade comum, absorvendo a atenção da platéia ao criar um ambiente totalmente envolvente de prosa e música. Pelas mãos de Alexandre Moschella e sua eloqüente narrativa, decerto o autor das “Gerais”, se vivo fosse, se orgulharia ao perceber de que não somente escreveu uma peça literária, mas também compôs uma obra musical.

Esta é a sensação que a apresentação de Alexandre Moschella nos deixa: a de uma feliz iniciativa de inovação; de uma rebuscada interpretação violonística mesclada a um trilhar de prosa e versos fartamente musicais, transcendendo inclusive idiomas. Prova disso foi o extra de encerramento de sua apresentação, ao recitar um poema em romeno e logo em seguida executar duas peças de J. S. Bach, num desafio à platéia e homenagem aos romenos, pois foi na Romênia sua primeira apresentação, no exterior, neste formato, com a recitativa dos trechos de Guimarães Rosa em bom Português, sendo a mensagem devidamente “compreendida” pelos romenos; musical, é claro.
Geraldo Teixeira do Nascimento.
Brasília, 12/08/2008

XXI Encontro da Associação Brasiliense de Violão (BRAVIO)
Com a participação de Gilson Antunes


Gilson Antunes é violonista, professor e pesquisador. Mestre em musicologia pela USP e bacharel em violão pela UNESP, Gilson especializou-se na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, Inglaterra, onde teve aulas com Robert Brightmore (discípulo de Julian Bream). Teve como principal mentor musical o violonista Fábio Zanon.

Gilson foca seu trabalho em 3 vertentes principais: a divulgação de novos compositores, o resgate de obras esquecidas e a difusão de obras de compositores importantes para o violão. Isso norteou todas as suas gravações até o momento, além de suas principais apresentações por todo o Brasil como solista e camerista.

Para o recital da BRAVIO 2008, Gilson Antunes focou o repertório em duas vertentes distintas: a primeira parte será dedicada à divulgação de peças dedicadas a ele por dois compositores Paraibanos, um compositor mineiro e um compositor paulista. A segunda parte será dedicada ao resgate de obras e compositores das décadas de 1920 e 1930, todos importantes em suas épocas, mas quase ignorados atualmente no Brasil. As obras foram arranjadas por Gilson Antunes a partir das gravações originais em 78 RPM pelos próprios autores.

Programa:

-Sons da Cidade (Paulino Neto)**

-Primeira Dança (Ticiano Rocha)**

-Estudo de Contraponto Modal Simples (Mylson Joazeiro)*

-Elegia e Vivo (Marcus Siqueira)*

-Pertinho de Meu Bem (Glauco Vianna)

-Marinetti (Rogério Guimarães)

-Romance (Henrique Britto)

-Saudades do Rio Grande (Levino Albano da Conceição)

-Currupacos Papacos (Mozart Bicalho)

-Recordações de Agustín Barrios (Antonio Giacomino)

-Viola Minha Viola (Américo Jacomino Canhoto)


** Obras dedicadas a Gilson Antunes tocadas em primeira audição mundial

*Obras dedicadas a Gilson Antunes

Programação do XXI Encontro da BRAVIO (dia 12/04/2008):


15:00 – Masterclass com Gilson Antunes
(Entrada Franca)

17:30 – Sarau da Bravio
(Entrada Franca)

20:00 – Recital com o violonista Gilson Antunes
(R 10,00 – inteira e R$ 5,00 meia)
Local: SESC 504 SUL Data: 12/04/2008 Apoio: SESC-DF
Classificação – Livre.