BRAVIO - Associação Brasiliense de Violão

Notícias sobre o violão de concerto em Brasília

O erudito e o popular

Com o auxílio da Lumini Produções Artísticas ( lumini.pa@gmail.com - (61) 3388 0138), que montou uma aparelhagem para exibição de Data Show, Alessandro Cordeiro iniciou as atividades do VII Encontro da BRAVIO com uma palestra sobre a obra para violão solo de Dilermando Reis. Alessandro concluiu recentemente o mestrado na UFG tendo exatamente esse assunto como tema.

Ele explicou um pouco da produção do Dilermando, que inclui peças bem diferentes das suas obras mais conhecidas, e ilustrou com algumas gravações do próprio compositor. "Noite em Haifa" busca uma sonoridade ligada à música do oriente médio. "Gauchinha", como o nome já indica, é uma peça gauchesca, com característica da música argentina e uruguaia. Por fim, ele apresentou até uma moda de viola do Dilermando gravada com orquestra, sob a regência de Radamés Gnatalli. Tinhorão, importante musicólogo brasileiro, pensou que "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros, seria um plágio dessa peça. O próprio Dilermando não concordava com Tinhorão, pois o que essas música têm em comum são clichês da música caipira.

Por fim, Alessandro descreveu o cuidadoso trabalho de edição e revisão de partituras. Como ele tinha por objetivo tornar disponível obras do Dilermando que só existem em gravação, com o máximo de informação fidedigna à interpretação do autor, ele excluiu da sua pesquisa as obras de Dilermando que Ivan Paschoito editou pela GSP, por considerar o trabalho de Paschoito bem-feito e completo o suficiente para não precisar de qualquer revisão. Ao final, ele nos brindou com uma ótima notícia: essas partituras serão publicadas pela Editora da UFG até o fim do ano.

Após o término da palestra, Alessandro nos brindou com uma interpretação bem informal de Uma Valsa e Dois Amores (Dilermando Reis). Você pode ver um vídeo com essa gravação no começo do texto. Para uma apreciação melhor, uma dica é clicar no botão play, clicar no botão pause depois do aviso de "buffering", esperar a barra cinza ficar larga e só depois clicar no botão play novamente. Caso o vídeo apresente interrupção, clique no pause, espere 1 ou 2 minutos e veja novamente desde o começo.

Às 18h iniciou-se o sarau. Algumas pessoas começaram meio inibidas, mas depois de todos sentarem em círculo, o violão Gilberto Carvalho que Alvaro Henrique levou para ser testado pelos colegas passou pela mão de todos. Newton Fernandes (foto à direita), que gravou alguns CDs em duo com Jodacil Damaceno, apresentou peças simples mas com tanto amor que encantou a todos. Newton trouxe para o sarau Diógenes Lopes Oliveira (foto à esquerda), violonista que toca arranjos de temas e canções famosas, os grava em CDs entitulados "A Arte do Violão", e viaja todo o Brasil com seu violão, uma caixa de som e seus CDs. Ele tocou alguns de seus arranjos, como If e Bachianas Brasileiras no. 5, entre outros.

Alvaro Henrique tocou uma peça de Downland e comentou que, pra 2007, pretende apresentar a obra integral de César Guerra-Peixe, e apresentou o primeiro movimento da Sonata para Violão desse compositor como uma pequena amostra desse trabalho. Em seguida, Fabiano Borges, que se apresentará no dia 30 desse mês no Clube do Choro, mostrou alguns de seus arranjos. Após comentar um pouco do seu trabalho e nos deixar felizes com a notícia de uma turnê pela Europa ao lado do bandolinista Jorge Cardoso, ele resolveu acompanhar no seu violão sete cordas os seus amigos. De pronto cada um dos participantes apresentou algum choro que sabia de memória, e Fabiano revelou seu talento para acompanhar mesmo choros com harmonia mais elaborada, como os de Garoto.

Com um pouco de atraso, Marambaia sobe ao palco do SESC 504 sul para mostrar uma forma inovadora de tocar o choro. Foram apresentadas obras que foram premiadas em festivais de música, como o Festival de Música Instrumental de Brasília (FEMIB, organizado pelo SESC), peças que estão no primeiro CD do grupo e, para o deleite da platéia, uma nova composição. Samba pro Amigo (vídeo ao lado) foi uma das músicas que mais agradou o público. O grupo mostrou uma energia vibrante na sua mistura de choro com jazz e um espetáculo com um visual bem próximo do rock. O Dois de Ouro (duo dos irmãos Hamilton de Holanda e Fernando César), quando da época do "A Nova Cara do Velho Choro" apresentaram um trabalho similar, mas o Marambaia é muito mais ousado na mistura e mesmo com a ligação forte com o choro, eles não tem medo de usar ingredientes e temperos que deixam o resultado final com uma aparência bem diferente do choro das rodas tradicionais. Como nada descreve tão bem a música que eles fazem quanto a própria apreciação de suas composições, confiram um vídeo de outro trecho da apresentação nesse link

Fotos e vídeos: Alvaro Henrique
Agradecimentos especiais à Lumini Produções Artísticas (61- 3388 0138) pela montagem do Data Show na palestra de Alessandro Borges